23 de julho de 2008

Tertúlias. Serões no Pão de Canela.


Sou militante, meio adormecido, do PC. Mas, apesar de estar a residir na «costa sul», à menor escapadela, não perco as tertúlias da Praça das Flores. Ontem, ao fim do dia, fui marcar o ponto. Uma cerveja e dois dedos de conversa com o João Soares. Atrás da conversa vêm os rissóis; depois os croquetes com mostarda. Os ovos cozidos chegam uns atrás dos outros, como chegam os «tertúliantes». E a conversa flui a um ritmo alucinante. Ainda uns estão na Sérvia, já outros falam na Foz do Arelho. Se não se estiver concentrado ainda se confunde Karadzic com Coutinho, o que não convém porque o primeiro vai para Haia e o segundo ainda não se sabe que destino irá ter. Entretanto chegam à mesa novos convivas que, enquanto se empanturram de ovos cozidos, vão pedindo a lista para jantar. Outros – o Luis Pascoal? - chegam e nem aquecem a cadeia: pedem um café, metem-se na conversa, chamam nomes impróprios de reproduzir aqui aos detentores do poder em Angola e vão à vida deles. Eu, às sete horas, cheguei para beber uma cerveja e comer um rissol e às dez e meia já digeri elogios a Jaime Gama e a Obama. Já passei pela Geórgia e pelo Kazakistão. E regresso à Foz do Arelho porque, entretanto, chegou o Raínho – um amigo do Coutinho –, bem disposto e fresco que nem uma alface. Até parecia que tinha chegado de um tratamento na Cúria. Já me ia esquecendo: também se falou no Chávez, uns a favor e outros contra, como é próprio nestas tertúlias. Quando começam a chegar os pratos principais dos comensais (afinal, um lance que já é ceia), retiro-me. A conversa não tem fim, vai durar até às tantas. A Praça das Flores é a mais bonita do meu bairro. Também se falou no José Sócrates e na Manuela Ferreira Leite, mas sobre o que se disse escrevo noutra altura.

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